Por Dudu Parapente
Um pequeno relato do que foi nosso salto!
Posso dizer, sem medo de errar, que realizei a maior aventura da minha vida, a
que mais me deu medo e onde tive que superar todos os meus limites de coragem,
audácia e colocar meu orgulho acima até mesmo do medo que eu sentia!
Realizamos, finalmente, o Rollover,
onde saltamos de um balão a aproximadamente 2.000 metros de altitude, e após um
“mortal” por cima do Parapente saímos voando, acima, muito acima das
nuvens, com um visual incrivelmente e inacreditavelmente lindo!
Até chegar no local eu sentia medo,
sim, mas nada demais, o evento já havia sido cancelado umas 5 vezes, e pensei
que esta seria uma a mais que não daria certo. Porém, quando o Kaio
Chemin chegou lá com sua equipe e com aquele cesto gigante, e
começou a inflar o balão, é que vi que o negócio estava realmente para
acontecer.
Começamos a arrumar nossos
equipamentos enquanto o balão era inflado, cada movimento, cada detalhe,
parecia em câmera lenta, e uma sensação muito estranha começou a tomar conta de
mim.
Parapente aberto, 2 reservas na
selete devidamente checados, tirantes conectados, é hora de subir no cesto.. um
a um fomos entrando, junto com a equipe de foto/filmagem e alguns amigos.
Na medida que o balão ia subindo, o medo ia aumentando e eu pensava, será que eu realmente preciso fazer isso? E se eu desistir? Será que vai dar certo?. O visual era deslumbrante, de Gaspar, podia-se ver o litoral, o sol nascendo e aquele mar de nuvens lá embaixo.
Enfim chegamos a altura desejada, e o
Kaio deu o comando dizendo que o primeiro poderia saltar. Quase que de forma
unânime todos falaram, VAI Kauli
Mondadori. E ele prontamente se posicionou para realizar seu salto,
onde inesperadamente, simplesmente pegou seu Parapente pelas mãos, subiu no
cesto e falou, fui galera… pulou, assim, com o Parapente nas mãos, e após
alguns segundos de queda livre, soltou o velame que abriu prontamente, e ele
começou a executar as manobras.. Logo depois o Mauricio Braga se
prontificou a saltar, da forma clássica de Rollover, executou seu salto de
forma perfeita.
Chegou a hora do Rodrigo Machado que estava ao
meu lado, sem titubear, soltou o velame lá embaixo, subiu no cesto e também
realizou o salto com uma plástica muito bonita, o parapente dele deu uma pequena
gravata do lado esquerdo, que logo se soltou e ele saiu arrepiando!
Faltava eu, Fernandinho Sebben e Narcisio Machado. Como o Narcísio era o mais
experiente, pois já tinha em sua carreira, 1 salto, ele foi o próximo.. salto
lindo, abrindo instantaneamente, e depois a execução de um SAT de somente 22
voltas!
Ficamos somente eu e o Fernando, pedi
para ser o último, então ele soltou seu parapente, subiu no cesto, e numa
atitude, muito, mas muito corajosa mesmo, ele decidiu não ir, desceu do cesto,
recolheu seu velame e preferiu ficar por ali. Sendo assim, chegou a minha hora,
o meu momento… Soltei meu parapente lá embaixo, e após algumas arrumadas,
nele, estava pronto para o meu salto.. minhas pernas tremiam insistentemente,
nunca senti minha boca tão seca em toda minha vida, respiração ofegante, enfim,
eu sentia muito medo, mas muito mesmo! Subi no cesto, sempre pedindo para o meu
amigo Andre Souza
me segurar, olhei pra baixo e não
consegui, desci novamente dando a desculpa de que meu Parapente tinha twistado
(de fato tinha).. nisso o Kaio precisou subir mais o Balão, foi o tempo suficiente
para eu conseguir me acalmar, retomar a respiração e aprontar o Parapente.
Isso feito, subi novamente no cesto,
arrumei os batoques nas mãos, apoiei a selete nos ferros atrás para me
estabilizar e estava pronto..Olhei o parapente lá embaixo, parecia um repolho
preto, nem olhei para o chão, eu só via o velame. Juntei os pés na borda do
cesto, devo ter falado algo para alguém ali e fui.. me joguei naquele céu..
Acho que coloquei muita energia, onde
acabei girando um pouco mais do que o necessário, caindo de barriga para baixo,
o puxão foi grande mas pelo menos eu estava em segurança, as linhas não tinham
arrebentado e o pano não tinha rasgado, porém, uma parte da vela estava
fechada, o que ocasionou da mesma entrar num giro bem forte.
Precisei fazer um “fly
back” para recuperar o voo e após uns 40 segundos de “briga” com
o Parapente, ele finalmente abriu 100%.. pude então soltar um grito de
alegria/alívio e começar a curtir 110% aquele voo que foi o mais sensacional da
minha vida!
Pude desfrutar de todo aquele visual,
executar algumas manobras, passar voando a poucos metros do balão e voar até
acima dele, foi algo realmente surreal, eu me sentia num sonho..
Pousei em segurança, bem próximo do
balão e logo os encontrei para poder compartilhar toda a minha alegria/euforia.
Enfim, obrigado a todos que fizeram parte desta que foi a maior experiência
esportiva da minha vida.
Fiquei tenso só de ler, Parabéns Dudu, além de voar, escreve bem! Você é o melhor!!!
Ler tudo isso me fez lembrar a sensação de estar la embaixo esperando !! Tensão, nervosismo, frio na barriga, hahaaha. Nem quero imaginar lá em cima!! Hahahaahah